Vocação, antes de qualquer coisa,
envolve duas partes diferentes. No contexto religioso, estas duas partes podem
ser Deus e a pessoa. Deus tem um convite, uma proposta para cada um dos seus
filhos. Neste caso, a função de Deus é chamar, convidar, propor e ao ser humano
compete responder positivamente ou não a este chamado que brota de Deus. E os
chamados de Deus são diversos e para todas as áreas. No meu caso, este chamado
foi para o Sacerdócio Ministerial, ou seja, para me tornar padre.
Senti este chamado de Deus por
volta dos 12 anos, quando comecei a participar de um grupo de Coroinhas que
havia na minha paróquia em Bebedouro (SP). Embora quando criança, me recordo
hoje que eu já brincava de celebrar missas, usando os lençóis de minha mãe. Mas
foi por volta dos 12 anos que eu percebi o que realmente eu sentia. Guardei
este sentimento para mim apenas e nem com meus pais eu falei até os 14 anos,
quando contei para minha mãe e fomos conversar com o meu pároco. Ele disse que,
por eu ser ainda bastante novo, eu deveria esperar mais dois anos para iniciar
os Encontros Vocacionais na Diocese a qual eu pertencia. Impaciente, esperei.
Quando contava 16 anos, finalmente, comecei a participar dos encontros
vocacionais. Eu estava no 2º ano do Ensino Médio e teria que esperar completar
esta fase toda para ingressar no Seminário Propedêutico Diocesano. Após dois
anos de encontros mensais, em 2004 fui aceito no seminário da minha Diocese. E
lá eu cursei Filosofia e o primeiro ano de Teologia, até que em 2008 eu acabei
deixando o seminário para no final de 2009 retornar e continuar meus estudos.
Este ano fora seria para um maior amadurecimento e reflexão da minha vocação. No
intuito de retornar ao seminário após este ano, fui acompanhado por 6 meses
pelo Diretor Espiritual do Seminário e pelo Reitor, até que em julho “desisti”
da ideia de ser padre. Parece que não mais eu sentia que esta deveria ser minha
vida. Eu já estava trabalhando e tinha perspectivas de crescimento e isso deve
ter contribuído para que eu deixasse de lado este desejo de ser padre.
Fiquei trabalhando por três anos.
E quando eu pensava que minha vida esta se estabilizando, começo a ficar
inquieto novamente e o desejo de ser padre vai ressurgindo. A cada dia, mais
intenso ele ia ficando. Tentei fugir de Deus me chamando, mas não foi possível.
Não resisti ao amor Dele e comecei a procurar um novo seminário para mim.
Entrei em contato com várias Congregações e Ordens na busca de um estilo de
vida que correspondesse aquilo que Deus estava querendo de mim. Acabei, após
tanto procurar, encontrando na Ordem Premonstratense algo daquilo que eu sentia
que Deus queria de mim. Após participar dos Encontros Vocacionais, fui aceito
no Postulantado – que é a primeira etapa da vida religiosa nesta Ordem – e vim
morar em Piracicaba.
Para mim, desta minha história
vocacional, ficou bastante claro que Deus nunca desiste de nós. Se nós tivermos
que ser algo que seja vontade Dele, nós seremos. Pode passar quanto tempo for,
mas se Deus quer, acontece. Mesmo que tentemos fugir, esta fuga nunca será
total porque Ele, que é Amor, não foge de nós e está sempre por perto de seus
filhos. O que cabe a cada um de nós é rezarmos pelas vocações para que tenhamos
homens e mulheres santos na construção do Reino dos Céus.
Alexandre Machado